quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

um dia, lembrei-me...e meti-me à estrada.

Estas coisas batem-me forte, parece um chamamento, um desejo, uma vontade de sair , ir por aí sem destino...coisas simples que eu gosto. Eu sou uma pessoa moderna, pelo menos considero-me como tal, não sou nada convencional, de seguir tendências ou modas, gosto de seguir o meu rumo. Quando a moda é de cor vermelha eu opto pelo preto. As minhas escolhas, são as minhas escolhas.
Nas ultimas férias, ainda em Portugal, fiz-me de novo à estrada...e fui por aí, outra vez, e sem destino, mais uma vez!!!
Mas o giro não é saber qual o destino que nós escolhemos, porque por vezes, e muitas das vezes o mais interessante é chegar a lado onde pensamos nunca chegar ou visitar.
Giro é meter-se à estrada, não pelas auto-estradas!!! isso nunca - estraga a beleza do trajecto, das fotos, dos pensamentos- eu paro para tirar uma foto ou para escrever um dado qualquer que eu considere interessante!!!

Eu tiro fotos a marcos de estrada dos anos 70, naquelas regionais antigas que não são mais do que curvas e contra curvas, hoje, carreiros de cabras.
Eu gosto da beleza da imperfeição, dos tons breves de verde das montanhas, das serras, dos vales.
Eu acho um piadão ver folhas a cair e pisar caminhos feitos pelo Outono, ou do verde de novo da Primavera, da cor do mar do Verão,e, e há sempre um "e" uma lareira dessas que ainda existem por aí com lenha até não poder mais, e uma chama viva, onde podemos fazer café, torradas espetadas em garfos...e esperar, esperar por qualquer coisa. Esperar faz parte...
Eu gosto de me meter por caminhos que não conheço, descobrir aldeias perdidas no tempo, na paisagem, que nem vem no mapa. Parar, dizer bom dia a alguém, beber um café numa taberna mais esquisita, com cheiro a vinho e bagaço.
O que eu faço para muitos é visto como uma anormalidade, muitos consideram que eu perco tempo por aí, por  caminhos estreitos, cheios de silvas, entrar em casas velhas trazer lixo para casa, sim lixo para alguns mas "cultura" para mim. Sim, entrei numa casa que caía de podre e arrisquei um bocado , apenas porque vi no chão muito mal estimada uma lamparina de azeite que se usava antigamente quando não havia eletricidade. Mas o que mais me custou ver foi uma "cantareira" (peça em madeira onde se guardava a louça)  muito bonita, podre, impossivel de restaurar, vislumbrei no chão, e em pedaços, uma travessa de louça antiga. Isto sim é um atentado !!!
Eu sou assim, sou diferente, sou exótico no bom sentido da palavra, aliás quem é que me pode criticar?! quem faz de um Shopping publico o seu local de passeio semanal ?! ná...!!!
Estou desejoso pelas minhas férias de Páscoa, o tempo passa rápido, já estamos no Natal e parece que foi ontem quando cheguei. Não faço planos como antigamente, simplesmente arranco, e vou por aí fora...

Alguns dizem : podes fazer isso porque tens dinheiro! e eu logo ali mato o "coelho" à partida. Conheces o teu concelho?! já foste à pia do urso? mata do Louriçal, ao vale do Poio, às escarpas de S. Simão?! já alguma vez foram à Quinta de S. Lourenço ?1...eles encolhem os ombros e cabisbaixos dizem-me que esses lugares são só pedras e para ver mato vão a S. Pedro. É as pessoas de hoje são isto! a cultura do "Forum" espaços comerciais gigantes que arrumam às cordas o comércio tradicional, por si, mais do que morto. Tenho pena...

Esta é a resposta de quem não tem resposta para dar porque simplesmente não aprecia o que há de bom e interessante para ver mesmo ali, à nossa mão, totalmente grátis.
Eu fui descobrindo o meu gosto pelas coisas simples da natureza há poucos anos atrás, foi uma espécie de Xanax , o meu melhor medicamento para um imcompreendido como eu.
As vicissitudes da vida moldaram-me a postura de ver as coisas por outro lado, um lado que eu desconhecia...elas sempre estiveram lá, precisavam apenas de um empurrão.

Um dia de Sol, com muito vento à mistura, eram umas oito horas...eu estava na varanda a tomar o meu pequeno almoço, como costumo fazer quando tenho tempo, porque gosto e é um momento só meu, pequenino mas que dá para pensar tanta coisa. Lembrei-me e fiz-me à estrada. Pensei numa palavra...e saiu : Góis !!! e lá fui eu, subi a Sicó, Rabaçal, Penela, Lousã e finalmente Góis! o que eu fui ver eu não sei, sei que fui tomar café num cafézinho num bar antigo em madeira que existe no centro, entrei, ainda era cedo, e ainda se fazia a limpeza da noite anterior...
Acabei por subir uma serra qualquer, dei-me por lugares fantásticos, com leivos de agua a escorrer pelas escarpas juno à estrada, o sol ía rompendo o nevoeiro e as imagens que eu via eram cada vez mais apeteciveis. Sei que passei pela Pampilhosa da Serra, e quando dei por mim, já o sol estava a pique, sentei-me num restaurante de peixe de rio, junto à barragem de Santa Luzia.
Isto não tem preço!!!





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