sexta-feira, 26 de maio de 2017

tibete



Chamam-lhe o tibete portugês, a aldeia chama-se Sistelo.
Eu, uma casinha pequena, uma cabra, uma ovelha, um terreno para as batatas e o ar fresco da serra.
Caramba pá...eu aqui era feliz!!! e não precisava de mais nada!!!

terça-feira, 16 de maio de 2017

uma perspectiva


Na miséria das ruas de Bogotá, nasceu um menino que se fez homem muito cedo, é hoje um dos homens mais poderosos de um cartel qualquer, não importa por agora, aqui, neste singelo texto.
Interessa sim, saber, da massa que somos feitos, de onde vimos, e para onde vamos.
É certo que aquilo que ele faz, do seu modo de vida, será sempre criticável...pelo menos para nós, mas não para os habitantes locais, na cidade que o viu nascer.
Mas a miséria que o viu nascer provocou neste homem, um agudo sentido de compaixão pelos outros, é um paradoxo, bem sei...mas até o "diabo" tem compaixão pelos desgraçados.
Numa pacata cidade próxima de Bogotá, existe um hospital novo, um campo de futebol coberto, escolas primárias com todas as condições, uma biblioteca, ruas alcatroadas, rede de saneamento, agua potável, entre outras coisas, mordomias , naquele lugar, uma banalidade nos nossos dias.
El Diablo, assim se chama um dos maiores narco traficantes de cocaína mundial, faz valer de si, do seu negócio, um bem no sitio que o viu nascer.
Como ele diz, eu, o Diabo, melhorei a vida dos meus, e não é assim que um pai tem de fazer aos seus filhos?!
Houvessem mais diablos por esse mundo fora, mas com outra forma de vida.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

a tesoura da modista

Chegou a Portugal há 8 anos,originária dos fiordes, fez a viagem na sua carrinha Volkswagen muito velhinha, sobejamente conhecida por  pão de forma.
Fugiu porque o momento assim o destinou, era chegada a sua hora, sem motivos, disse a toda a gente que iria partir, mudar de vida, mudar de ares.
Olhou para o mapa Europeu, e olhou para o céu cinzento que (sempre) a acompanhou durante a sua vida e disse para si mesma: vou para onde está o Sol, e onde o céu é azul.
Partiu, com viveres para algumas semanas, sem projetos, sem intenção de qualquer morada, mas partiu - essa era a sua intenção.
Cansada da viagem,  e já em terras lusas, parou numa estação de serviço e enquanto bebia uma garrafa de água folheou um jornal colocado no balcão, sebento de tanto folheado por mãos dos clientes.
Olhou para uma série de fotografias da página central, eram fotos de uma serra e um rio situados próximos de uma aldeia da Beira Baixa, para os lados da Serra da Malcata.
Porto Novo, é o nome dessa aldeia.
Falou com algumas pessoas, precisava de saber a direção até aquele lugar, per si mágico, segundo os seus sentidos.
Profundamente envelhecida, a aldeia quase jaz, só existem pessoas idosas, estradas tortas, muros velhos feitos de pedra, casas abandonadas, tudo muito pouco "civilizado" comparativamente com as suas origens.
Ficou por ali, porque foi ali que algo chamou a sua atenção, a beleza natural, a cor da natureza, o silencio e os uivos do vento vindos da serra.
Foi estranho para os "naturais" a chegada de uma estrangeira, de cabelos ruivos, alta e de olhos azuis.
Por ali ficou, fez amizades com os velhinhos da aldeia...e passaram dois, três, quatro e outros tantos anos. Faz aventais, pulseiras, faz arranjos de roupa, cose roupa...Chamam-lhe a "modista". Foi uma brisa de ar fresco, segundo os residentes, estas gentes precisam de companhia, de carinho, com quem falar.
Muitos vão ao seu espaço só para falar, simplesmente falar, de tudo, do tempo se for preciso. Estas pessoas tem necessidade disso. Existe um velhinho que entra na loja, diz boa tarde e senta-se numa cadeira de vime, faz a sua sesta, e quando acorda despede-se da "modista" e vai para casa.
Esta estrangeira é o "ai Jesus" desta gente, acompanha os mais debilitados ao médico, à farmácia, nas compras do mês.
Existem caminhos tortos que se transformam em auto-estradas e vice versa, mas se existe um caminho, esse, é sempre bom de explorar, nunca se sabe...



o altar de Maio


Eu não sei se alguém apareceu aos pastorinhos, se foi o Sol, um “ser” não é importante, por agora.
Acompanho peregrinos voluntariamente, isto é na sua passagem por terras de mim. Observo de perto estas caminhadas, o sofrimento humano e a capacidade de sofrer…por alguma coisa se faz esta caminhada, que é dura. Eu próprio já a fiz, uma única vez, foi uma experiência “sociológica” como costumo dizer – queria saber como era, o caminho, o cansaço, as bolhas nos pés, o querer desistir, subir a Serra desde Caranguejeira até ao planalto da Quinta da Sardinha. Sei que é difícil e “prometi” que não o fazia mais, e assim aconteceu até aos dias de hoje.
Eu não sei rezar o terço, já soube, mas agora não me lembro e não acho importante.
Designar este movimento dos peregrinos, este fim-de-semana em Fátima como parolice é desconhecer o sofrimento humano, é não entender que quem sofre procura a libertação de muitas maneiras estranhas, mas só o faz porque sofre. E isto sair da minha boca também é estranho, eu costumo orar a Deus, o meu amiguito, não está em carne mas sei que está ali. São coisas nossas, individuais, falar de religião é tão imenso que acorda fantasmas em todo lado.
Acreditar que este acto, de fazer quilómetros liberta..., eu não acredito, mas que quem percorre este caminho sente-se diferente, e é essa a essência, como uma purga para um pecado, um pedido para uma doença desaparecer, que a vida dê uma volta, sei lá o que mais.
Eu não sou mais do que ninguém, sofro como tantos, tenho os meus problemas, tenho, digamos assim, as minhas coisas. Não saio para fazer uma caminhada só porque quero acreditar que tudo vai correr bem. Afinal, depois do acto volta-se para casa e no outro dia já se está a chamar nomes ao vizinho! Vale a pena, não.
Deus é mais importante, é a essência, é a vida, e isso chega-me.

Peço perdão os crentes, mas esta é a minha opinião.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

a lição que não vem no livro




Num destes dias, perdido na cidade, como eu gosto, ah como eu gosto estar perdido numa cidade que não conheço.
Liberta-me o espírito, leva-me a cantos e recantos, eu não sei onde estou, e pouco interessa.
Acompanha-me um caderno daqueles pequeninos, para escrever qualquer coisa, ou até mesmo estas palavras que escrevo agora sentado numa esplanada. Bebo um café, horrivel...
Agora faz bom tempo, permite que os humanos saiam à rua, aproveito melhor, e vagueio por aí. Vaguear liberta-me, liberta-me...
Eu escrevo mal, confesso, mesmo muito mal...por vezes aquilo que eu penso não consigo por em papel. A minha vida tem sido assim, pensamentos certos e escritas erradas...e isso é uma chatice, mesmo.
A minha doença, tornou-me mais volátil, e sim...mais estupidamente frágil. Eu não sou, afinal, tão forte como pensava.
Soube noutro dia, por email, que um dos companheiros de tratamento tinha falecido. Escrevi um mail à esposa, antes de enviar, apaguei-o, não tive força para o fazer. Lembrar tristeza, uma semana depois, acho que não faz sentido... a vida continua por estes lados, e amanhã posso ser eu.
A vida ensinou-me pelo lado mais duro, desventrou-me por dentro, pôs-me a nu, e a publico.
Eu mereci tudo isto, sim...como mereci tudo isto. Agora parece ser tudo mais fácil, mais claro, as palavras saem da boca como flechas, não guardo nada, digo tudo o que eu penso...
Precisava disto, agora é tarde para algumas coisas, das mais preciosas que eu perdi, mas para outras ainda vou a tempo.
Não dei tempo suficiente para mim, não amei o suficiente como eu pensava, não dei tudo o que tinha, não esperei quando devia ter esperado, não dei a mim a segunda oportunidade como eu não dou a ninguém. Deambulei...como eu gosto, mas da maneira errada.
As coisas (agoraestão diferentes, para melhor...e isso vai-me ajudando de dia para dia.
Provavelmente aprendi uma boa lição, daquelas que não vem em livro nenhum.




quarta-feira, 3 de maio de 2017

o capítulo da agua que corre


Foi eleito por ser o mais sincero, mais humano, mais rigoroso na critica aos ditadores por esse mundo fora.
O português, da ONU, o presidente dos conselheiros do mundo, de quem decide, de quem nós humanos nesta terra queremos saber novas sobre as novas do mundo, e que sejam novas mas boas noticias para todos. Assim não foi...
Esta eleição não é nada mais nada menos do que nomear um incendiário para Comandante de uma qualquer corporação de Bombeiros Voluntários.
Espante-se, tal e qual como eu fiquei espantado, na pompa e circunstância de tal acto.
Eu não sou politico e não é meu intuito falar de politica neste meu espaço.
Os supostos Direitos da Mulher, nem sequer deveriam de existir, ela é igual ao homem e ponto final!...com apenas duas diferênças fisicas e uma biológica, mas isso não nos faz diferentes, antes pelo o contrário.
Na península arábica a mulher não pode conduzir um automóvel, não pode exercer o seu "direito" de voto, não pode exibir-se publicamente a sua feminilidade.
Não pode viajar, nem abrir uma empresa, e tem um guardião masculino a vigiar a sua vida, que na maioria dos casos não é o esposo.
Entre outros, e segundo um Imã, estupido, refere que a mulher nem deve ter ou manifestar prazer na relação com o marido.
Sinceramente, isto desgasta-me o meu cérebro, e é de uma miséria franciscana este tipo de pensamento, quase neolítico, abstruso.
A sexualidade, o "amor" entre o casal é das coisas mais ricas e partilhadas entre ambos, são dois num só, prazer partilhado, orgasmo, etc, etc.
O destido da mulher saudita é ditado no momento da sua nascença. Sem direitos. Simples.
Com esta eleição o mundo volta a dar um passo atrás, grande Guterres, mais um ignorante que devo adicionar à minha longa lista de ignorantes.
Assim vai o mundo.

Para as minhas filhas. Carolina & Constança