Depois de 3 meses acima e abaixo decidi fixar-me. Dia 18
Julho foi o meu primeiro dia aqui, aqui na minha nova “casita” arrendada.
Cheguei e não vi viva alma, pois claro que não, estavam uns
modestos 39º , e eu suava em bica. Arrumei as coisas, as roupas, os sapatos, os
ténis, o meu fato de treino que vai ter muito trabalhinho, ai se vai…trilhos
não faltam, e as minhas “gorduras localizadas” assim se exibem!
O ar da casa fez-me lembrar a casa da minha bisavó Maria,
era pequenina, fresca de verão e quente de inverno. Tenho saudades da bisa
Maria, e dos seus reputadíssimos ovos mexidos com tiras de queijo seco. Ela
sabia que nós gostávamos e guardava sempre os maiores para dar aos meninos, como ela dizia. A casa era
feita de terra e lajes em pedra, tal como esta.
Foi uma coisa esquisita, olhei, e disse logo que
sim…pareceu-me bem, conheço-me suficientemente bem para aquele tipo de
reações. Por vezes dou-me mal! Vamos lá ver. Acho que me apaixonei pela vista
que tinha em frente e dos quilómetros que iria deixar de fazer. Este lugar é
lindo em qualquer parte do mundo.
À noite, depois do jantar, saí para a rua e fui até à margem
do rio molhar os pés…ainda havia gente por lá. Quando subia a rua de pedra, de
regresso ouvi o meu primeiro “boa nôte”
de uma velhinha que por ali vive. Aqui sabe-se tudo na hora, e já se sabia que
havia um rapaz novo por estas bandas. Novo, eu, logo eu…mas aqui, os residentes
são velhotes – por isso devo ser o habitante mais novo de Fernandaires.
Os cheiros…esses, já não me lembrava do cheiro ao soalho
tratado com cera, os cheiros das paredes e das madeiras. A última sensação
parecida foi há tanto tempo, numa casa também velha, daquela que foi,
provavelmente, a mulher da minha vida.
Isso, tolha-me por completo, faz-me parecer pequeno e velho
porque o tempo passa…tenho a sensação que não vou ficar aqui muito tempo. Será
tempo de partir um dia, mas já que aqui estou, Deus é grande por isso, e vai
dando-me aos poucos aquilo que eu perdi, aos poucos.
Que calor este, Jazus!!! Amanhã é outro dia, e esta é a
minha cama, aquela que eu hoje me vou deitar, feita por mim. Sentado, olho para
fora, para o rio, e é tudo tão bonito, até a cor do Verão.
…que calor este!!! Jazus!!!