quarta-feira, 30 de agosto de 2017

por caminhos, férias, sem fotos.

As minhas férias.
Peguei no carro, que não é meu, enchi de combustível até à tampa...comprei um saco de caramelos de nata e pastilhas sabor a mentol, paguei... e fui por aí! como eu gosto.
Quando me meto à estrada não devo de ter planos, são evasões puras, gosto da descoberta, de revisitar de novo, lembrar o que eu ganhei e também o que eu perdi.
O mundo constrói-se aqui mesmo, e nós nem damos conta. Crescemos, vamos andando por essa vida fora e não fazemos paragens, devíamos fazer mais paragens. Eu faço-as agora, e quando dou por mim, estou aqui, estou além, estou onde Deus quiser, mas estou.
Curva e contra curva, segui devagar, sempre devagar...gosto de ver a paisagem, sair do carro e tirar uma foto mal tirada, já que eu não sou um bom fotógrafo, mas fotografo muito bem a nível mental, de memória e de razão. É bom fazer exercícios mentais, revolucionarmos lá por dentro e descobrir aquilo que por vezes é tão óbvio, mas é tão difícil naquele momento.
Curva e contra curva, um incêndio junto ao rio, e depois outro e mais outro...e são tantas as curvas da estrada quanto os incêndios. Que Diabo...
Lembrei-me de um livro que eu li no ano passado, Dostoiévski, Crime e Castigo, as personagens são "sofridas", não há uma mísera frase em que se denote um sorriso, e as frases são de uma dimensão tão triste...tal como esta paisagem, tecida de cinza e negro. Que merda esta! Que raio de férias as minhas, mais valia ir para Ibiza, tal como eu tinha planeado há algum tempo. Pelo menos eu teria tons de verde e azul.
O tempo não me deixa descansado e continuo no passeio, ora com as minhas duas mulheres, quer sozinho.
Continuo por aí, e quanto mais escolho mais o tempo encurta o meu espaço de manobra...quero ir a lugares onde nunca fui, mas já não tenho tempo, prometi ao Paulo, que vive numa aldeia próxima de Tomar, buscar os dois frascos de mel que tinha guardado para mim.
Não deu mesmo... tal como outros breves e rápidos planos que eu tinha...eu que tinha prometido a mim mesmo que nunca mais me bateria contra esse terrivel fenómeno...o tempo. Carpe Diem dizem os bons falantes, os pensadores, os filósofos da história, quem são eles, que mestres são em relação ao achar do como aproveitar o dia . Eu sou o mestre e filósofo do meu tempo e brinco com ele à minha maneira.
Continuei, fiz quilómetros, vi terras, gentio, e festas de Verão, imigrantes encherem aldeias que dantes vazias...um bom ambiente pelo menos neste quadro feito de azul quando olho para o céu e negro quando olho para  todo lado onde eu estive. Cheira a fumo...por todo o lado.
Quando descia Dornes, num sufoco de fumo, lembrei-me de um poema do Gomes Leal, para tanta gente que foge das cidades para o merecido descanso de Verão, nas mais belas aldeias de Portugal não acorreram estas palavras : eu gosto das aldeias sossegadas, com o seu aspecto calmo e pastoril.
Fui, agora espero notícias de cheias por essas aldeias, vilas e cidades, os culpados e os seus responsáveis ávidos do dinheiro vil, proveniente de um orçamento de estado, que tem uns milhões para fogo, iram assistir ao epílogo desta breve miserável história... a natureza a repor  e a reivindicar aquilo que é dela, mas de maneira diferente. E vai ser tudo tão mau...
As minhas férias...