sexta-feira, 12 de maio de 2017

o altar de Maio


Eu não sei se alguém apareceu aos pastorinhos, se foi o Sol, um “ser” não é importante, por agora.
Acompanho peregrinos voluntariamente, isto é na sua passagem por terras de mim. Observo de perto estas caminhadas, o sofrimento humano e a capacidade de sofrer…por alguma coisa se faz esta caminhada, que é dura. Eu próprio já a fiz, uma única vez, foi uma experiência “sociológica” como costumo dizer – queria saber como era, o caminho, o cansaço, as bolhas nos pés, o querer desistir, subir a Serra desde Caranguejeira até ao planalto da Quinta da Sardinha. Sei que é difícil e “prometi” que não o fazia mais, e assim aconteceu até aos dias de hoje.
Eu não sei rezar o terço, já soube, mas agora não me lembro e não acho importante.
Designar este movimento dos peregrinos, este fim-de-semana em Fátima como parolice é desconhecer o sofrimento humano, é não entender que quem sofre procura a libertação de muitas maneiras estranhas, mas só o faz porque sofre. E isto sair da minha boca também é estranho, eu costumo orar a Deus, o meu amiguito, não está em carne mas sei que está ali. São coisas nossas, individuais, falar de religião é tão imenso que acorda fantasmas em todo lado.
Acreditar que este acto, de fazer quilómetros liberta..., eu não acredito, mas que quem percorre este caminho sente-se diferente, e é essa a essência, como uma purga para um pecado, um pedido para uma doença desaparecer, que a vida dê uma volta, sei lá o que mais.
Eu não sou mais do que ninguém, sofro como tantos, tenho os meus problemas, tenho, digamos assim, as minhas coisas. Não saio para fazer uma caminhada só porque quero acreditar que tudo vai correr bem. Afinal, depois do acto volta-se para casa e no outro dia já se está a chamar nomes ao vizinho! Vale a pena, não.
Deus é mais importante, é a essência, é a vida, e isso chega-me.

Peço perdão os crentes, mas esta é a minha opinião.

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